terça-feira, 17 de maio de 2016

A Venda de Seu Sebastião...

CASA DAS NOVIDADES

Casa das Novidades
assim era chamada
a Venda de Seu Sebastião
no balcão de madeira batida
tinha moral o véio Tião,

Queijo coalho ficava na vitrine
cortado com uma peixeira
amolada e cortadeira
era embrulhado num papel de madeira,

Na prateleira de tábua pintada
tinha de tudo que se precisava
fubá, arroz, farinha, óleo e sardinha
fósforo, cigarro e isqueiro ficavam na parte de baixo
cartela de gilete e agulha era pendurada numa linha,

Confeito 7 belo, balas soft das coloridas, ficavam no bombomzeiro
era um vidro buchudo que girava as duas partes
fazendo a alegria da meninada que ia lá gastar dinheiro,

Mas também tinha pinga pros homens
tira gosto e cerveja gelada
carne de conserva cortada gosto
tomate e cebola bem fatiada no prato era posto,

O que se tinha na Venda
tanta coisa que ninguém se espantava
coco ceco tinha muito
bem batido pra ver se tinha água,

Era uma Venda bem dividida
de balcão e vitrine
de um lado era Venda
e do outro Magazine,

Era o lado dos brinquedos
miudezas e perfumaria
vareta e boneco de plástico
isso também tinha,

Caderno, lápis e tabuada
na parte da frente era colocada
tinha kisuque de groselha e crush de laranjada
guaraná Brahma e Taí
bem gelada nunca faltava
tinha também Cajuvita
com tareco sempre levei pra casa,

Na parte de trás era o bar
fotógrafos, mecânicos e barbeiros
iam todos beber lá,

Quem muito gostava
era o povo da prefeitura
tomavam sempre umas geladas
pra afogar as amarguras,

Não consigo esquecer
das figuras que bebiam lá
Tonho do Foto, Paulinho de Tão
toda semana ima aperrear
Jaime Barbeiro tomava cana com caju
Lula aleijado e Regi dos Teclados
levavam gizado de boi e de tatú
Ademir e Ciço de Carminha tomavam uma da gota
Xôxa do fogão só levando o copo pra boca
Clemente Relojoeiro desse não podia esquecer
o Fii do padre ia com ele beber,

Dia de sábado tinha batuque e charanga
Lá no terreno de baixo
Com pitú de garrafa, o tira-gosto era manga,

Fabinho irmão de Lucí tomava uma de se entronchar
Zé Buchudo e Zé Bruta, só na segunda iam por lá
largavam da discoteca e iam direto pro balcão
tomavam cerveja gelada
e conversavam com Seu Sebastião.



(A.Sales, 2013 – Escada/PE)

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