quinta-feira, 19 de maio de 2016

Mais uma poesia: EM ESCADA...


EM ESCADA...

Da cana nasceu um povoado
que no alto cultivou sua Santa
na evolução do tempo passado
cresceu uma beleza que encanta,

Palmeiras e altos coqueiros
ícones de engenhos urbanos
da monocultura gerou herdeiros
na economia dos idos anos

Na história da cidade o tempo vira doce
das duas Usinas que eram forte
em (fim) tudo acabou-se,

Tendo um povo resistente
a cidade forte persistiu
e cresceu constantemente,

Virou Terra dos Barões
“apelido” de cultura local
aceito sem contradições
eternizou-se em conceito formal,

Abençoando lá do alto da Vigário Simão
Nossa Senhora da Escada
que sempre nos deu a mão,

A natureza dessa terra fisga com anzol
no clima nem assusta e nem comove
num dia amanhece com sol
e no outro chove,

A galinha d’agua do Rio Ipojuca
quando pia chama a atenção
passa oito meses de “butuca”
e três de prontidão
pois só gosta de aparecer
no final do verão.



(A.Sales, 2010 – Escada/PE)

terça-feira, 17 de maio de 2016

A Venda de Seu Sebastião...

CASA DAS NOVIDADES

Casa das Novidades
assim era chamada
a Venda de Seu Sebastião
no balcão de madeira batida
tinha moral o véio Tião,

Queijo coalho ficava na vitrine
cortado com uma peixeira
amolada e cortadeira
era embrulhado num papel de madeira,

Na prateleira de tábua pintada
tinha de tudo que se precisava
fubá, arroz, farinha, óleo e sardinha
fósforo, cigarro e isqueiro ficavam na parte de baixo
cartela de gilete e agulha era pendurada numa linha,

Confeito 7 belo, balas soft das coloridas, ficavam no bombomzeiro
era um vidro buchudo que girava as duas partes
fazendo a alegria da meninada que ia lá gastar dinheiro,

Mas também tinha pinga pros homens
tira gosto e cerveja gelada
carne de conserva cortada gosto
tomate e cebola bem fatiada no prato era posto,

O que se tinha na Venda
tanta coisa que ninguém se espantava
coco ceco tinha muito
bem batido pra ver se tinha água,

Era uma Venda bem dividida
de balcão e vitrine
de um lado era Venda
e do outro Magazine,

Era o lado dos brinquedos
miudezas e perfumaria
vareta e boneco de plástico
isso também tinha,

Caderno, lápis e tabuada
na parte da frente era colocada
tinha kisuque de groselha e crush de laranjada
guaraná Brahma e Taí
bem gelada nunca faltava
tinha também Cajuvita
com tareco sempre levei pra casa,

Na parte de trás era o bar
fotógrafos, mecânicos e barbeiros
iam todos beber lá,

Quem muito gostava
era o povo da prefeitura
tomavam sempre umas geladas
pra afogar as amarguras,

Não consigo esquecer
das figuras que bebiam lá
Tonho do Foto, Paulinho de Tão
toda semana ima aperrear
Jaime Barbeiro tomava cana com caju
Lula aleijado e Regi dos Teclados
levavam gizado de boi e de tatú
Ademir e Ciço de Carminha tomavam uma da gota
Xôxa do fogão só levando o copo pra boca
Clemente Relojoeiro desse não podia esquecer
o Fii do padre ia com ele beber,

Dia de sábado tinha batuque e charanga
Lá no terreno de baixo
Com pitú de garrafa, o tira-gosto era manga,

Fabinho irmão de Lucí tomava uma de se entronchar
Zé Buchudo e Zé Bruta, só na segunda iam por lá
largavam da discoteca e iam direto pro balcão
tomavam cerveja gelada
e conversavam com Seu Sebastião.



(A.Sales, 2013 – Escada/PE)

quarta-feira, 11 de maio de 2016

FLOR TAISE MORENA


Flor morena na cor
candidez no sorriso
numa beleza de estupor,
Pétala de camurça fina
pele legendada
na graça dessa moça menina,
Caule de forte presença
indica sua nobreza
num forte carinho - uma crença,


Flor morena de encantar
teu perfume vem exalar,
Sobe para ti a cada dia
o sol belo-amarelo em melodia,
Como centro de um jardim
o vento te contempla em fim,
E no final do dia sempre vagaroso
um beija-flor a te tocar fervoroso,


Num zumbido de estridor
um enxame invade teu reino
mas só uma abelha extrai teu sabor,
Um mel de doçura marcante
alimento de luz
e consistência elegante,
Teu néctar de vida e perfume
forte e suave
que releva ao cume.



(A.Sales, Escada/PE-2016)