quarta-feira, 19 de julho de 2017

Pequeno MONÓLOGO Para Manuel Bandeira


- por Adriano Sales
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Passando na Aurora
Sinto a energia de outrora
Água, pássaros, carros e cheiro de peixe
E o ar? Livre?

Há, há, há

“quer livres, quer regulares
Abrem sempre os teus cantares
Como flor de quintanares”

                Não é, Manuel? Levanta a tua bandeira!
                Manuel, balança tua bandeira!

A noite, quente tropical
Na Praça do Arsenal
Aquela prostituta linda e cheirosa

Humm... humm...

Eu olho pra ela Manuel,
E levanto minha bandeira
Logo recito em tom de brincadeira,

“Quando estás vestida
Ninguém imagina
Os mundos que escondes
Sob tuas roupas”

Meu amigo Manuel... o que me resta
Como gigante sobre as árvores de concreto
Nessa dura floresta

Escuta...

“Escuta, eu não quero contar-te o meu desejo
Quero apenas contar-te a minha ternura
Ah se em troca de tanta felicidade que me dás
Eu te pudesse repor”

Ainda bem que aos teus versos
Não consigo me opor
Meu amigo Manuel,

Do que seria a gente sem tua bandeira
Sem tua luta
Algo sem forma, uma disputa!

Sua bandeira de luta
Meu amigo Manuel,
É a minha conduta

Voltei pra Aurora,
E ao por do sol...

Deitei!
Deitei e deito,

“...deito na beira do rio
Mando chamar a mãe d’gua “

Aqui eu durmo
Ao som desse infames bancos
Que voam pelas encostas do cais

Aqui eu te espero
Meu amigo,
Minha bandeira
Nobre amigo Manuel.